23 de maio de 2012

›› Triplista mineiro sonha com medalha nos Jogos Olímpicos de Londres'2012


Falta de apoio financeiro e de estrutura aumenta êxodo de atletas mineiros, que buscam abrigo em outros estados para se desenvolver no esporte e alcançar conquistas expressivas
Jonathan busca medalha em Londres
A classificação do triplista mineiro Jonathan Henrique Silva, de 20 anos, natural de Varginha, para a disputa do salto triplo nos Jogos Olímpicos de Londres expôs uma triste realidade do atletismo em Minas Gerais: o estado não segura seus maiores atletas, que acabam seguindo para fora do Brasil ou para São Paulo e Rio de Janeiro. Tudo isso por falta de apoio, principalmente financeiro, mostrando que reina o amadorismo e que Minas está na contramão da história e da evolução do esporte mundial. Jonathan é um grande exemplo. Ele chegou a vir para Belo Horizonte para ser treinado por Mauro Roberto, do Clã Delfos, mas acabou desistindo de permanecer na cidade, já que não apareceu nenhum interessado em ajudá-lo na carreira.

Hoje, Jonathan vive hoje um sonho. Há pouco menos de um ano – antes de ser levado para Campinas –, no entanto, não tinha sequer perspectiva de treinar, quanto mais de competir e alcançar resultados expressivos. Mas ele é um daqueles obstinados. E correu atrás de suas metas.

Quando competia na categoria juvenil, Jonathan conseguiu resultados expressivos, como o recorde sul-americano da categoria no salto triplo. “Isso fez com que eu acreditasse que conseguiria chegar um dia a uma Olimpíada. Confesso que não esperava que fosse tão rápido.”

Foi numa prova noturna, do Campeonato Paulista Juvenil e Adulto, em 16 de abril, que a vida dele mudou. A competição foi no Estádio Ícaro de Castro Melo, no Conjunto Desportivo do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo. O varginhense não tinha conseguido um bom salto na primeira tentativa, pouco abaixo de 17m. Veio a segunda e o aproveitamento foi pior. Até que conseguiu 17,39m. O índice para Londres, exigido pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), era de 17,20m. “Não foi apenas o melhor salto. Foi o segundo melhor salto do ano. Estou atrás apenas do cubano Osviel Hernandez, que fez 17,49m”, conta, satisfeito.

Jonathan está confiante que subirá no pódio na Olimpíada de Londres. Segundo cálculos de seu treinador, o experiente Nélio Moura, quem saltar 17,10m garantirá medalha. “Eu sei que posso melhorar. Sempre consigo meus melhores saltos nos meses de julho e agosto. O salto triplo é uma tradição do Brasil, que começou com o Adhermar Ferreira da Silva, depois veio o Nélson Prudêncio, o João do Pulo, o Jadel Gregório. Estou muito feliz em poder dar continuidade a essa tradição, mas a felicidade completa só virá quando conquistar uma medalha. Quero muito subir ao pódio.”

CHANCES O triplista lembra a infância pobre em Varginha e a chance que o atletismo lhe deu: “Meu primeiro treinador foi o Clóvis Muller, que me ensinou tudo. Ele insistiu comigo. Depois, me encaminhou para BH, para o professor Mauro Roberto. De lá, tive a sorte de vir para Campinas, onde sou muito feliz. Mas gostaria que olhassem mais para Minas, para Varginha. Já está vindo outro menino de lá, porque não dão apoio”.

PALAVRA DE ESPECIALISTA
Talentos ficam pelo caminho
“O que aconteceu com o Jonathan é corriqueiro no Brasil inteiro, não só em Minas Gerais. Os estados, as cidades, à exceção de São Paulo e interior, não dão o apoio necessário ao atletismo e a muitos outros esportes. Por conta disso, o país perde um grande número de talentos esportivos, meninos que poderiam estar entre os melhores do mundo e nos dando alegria. Mas falta também uma política de esportes. O Jonathan teve a sorte de ser indicado para esse projeto em Campinas. Mas quantos outros ficaram perdidos no caminho? É preciso que o país acorde para essa questão, afinal de contas, estamos a apenas quatro anos da Olimpíada que nosso país organizará.”

Fonte: http://www.mg.superesportes.com.br/

Mural de Recados